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sexta-feira, 3 de julho de 2009

MEC divulga conteúdo que será aplicado nas provas do Enem em outubro



Luzia Santos, do Jornal da Paraíba

O Ministério da Educação (MEC) divulgou os assuntos que vão ser cobrados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Diante da definição, estudantes e professores correm para se organizar a tempo de ver todos os assuntos.

Das 55 universidades federais do país, 34 já aderiram ao exame como critério de seleção para ingresso no ensino superior, seja complementando ou substituindo o vestibular. Contudo, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) não aderiram ao exame, mas os concluintes do ensino médio daqui poderão utilizar as notas para pleitear uma vaga em universidades de Pernambuco ou qualquer instituição do país que optar utilizar o Enem como única avaliação para selecionar os ingressantes.

A nova prova do Enem será aplicada nos dias 3 e 4 de outubro e terá 200 questões. O exame cobrará os mesmos conteúdos pedidos pelos atuais vestibulares, mas o formato da prova será completamente diferente. Agora, os estudantes terão de usar mais a capacidade de raciocínio e compreensão ao invés de memorização.

Além dos assuntos, o MEC disponibilizou as matrizes de referência do Enem. Nelas estão as competências que o teste pretende exigir dos estudantes. O novo exame será composto por perguntas objetivas em quatro áreas do conhecimento: linguagem (incluindo redação); ciências humanas (geografia e história); ciências da natureza (química, física e biologia) e matemática.

As provas do Enem serão elaboradas por técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira). Diferentemente do Processo Seletivo Seriado (PSS) utilizado pela UFPB, a prova não terá conteúdos regionais. Para permitir que o estudante conheça o novo modelo de prova, até junho o MEC vai disponibilizar questões-modelos no seu endereço eletrônico.

Para o professor de Língua Portuguesa Chico Viana, a mudança que o Enem trará será na maneira de perguntar. “A tendência é valorizar os genêros textuais e literários e trazer questões concretas do cotidiano do estudante. Para se dar bem no Enem, o aluno vai precisar ler muito. Ele vai precisar ser um assíduo leitor de jornais e revistas”, opinou. O professor também sugere que o estudante consulte provas do Enem antigo para estudar e conferir os modelos.

A vice-diretora do Colégio Motiva Miramar, Sônia Figueiredo, considera que, com a publicação dos assuntos a serem cobrados no Enem, a escola e os alunos vão precisar se adaptar ao formato do novo exame. “Vamos reproduzir o material divulgado pelo MEC e discutir com professores a maneira de explorá-lo em sala de aula”, explicou.

A estudante Ana Carolina de Azevedo considera que o tempo reduzido de preparação para o exame é a maior dificuldade encontrada por quem está concluindo o ensino médio. “A gente não está acostumado a resolver questões contextualizadas. Eu não acredito que em menos de seis meses teremos tempo hábil para se adequar ao teste”, avaliou. Acrescentando que irá participar apenas das seleções realizadas por instituições da Paraíba.

Confira o que vai cair

Linguagem: estudo de texto; estudo das práticas corporais, produção e recepção de textos artísticos, texto literário, aspectos linguísticos em diferentes textos, texto argumentativo, seus gêneros e recursos linguísticos, aspectos linguísticos da língua portuguesa e estudo dos gêneros digitais, tecnologia da comunicação e informação.

Matemática: conhecimentos numéricos, conhecimentos geométricos, estatística e probabilidade e algebra.

Física: conhecimentos básicos e fundamentais; movimento, equilíbrio e leis da física; energia, trabalho e potência; mecânica e funcionamento do universo, fenômenos elétricos e magnéticos, oscilação, ondas, óptica e radiação; calor e fenômenos térmicos.

Química: transformações químicas e representações; materiais e suas propriedades; água; transformações químicas; compostos de carbono; relações da química com as tecnologias, a sociedade e o meio ambiente; energias químicas no cotidiano.

Biologia: moléculas, células e tecidos; hereditariedade e diversidade da vida; ecologia e ciências ambientais; origem e evolução da vida; qualidade das populações humanas.

Ciências Humanas: diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade; formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e ação do Estado; características e transformações das estruturas produtivas; domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente; mapas.

domingo, 28 de junho de 2009

Ameaças e Defesas, numa Pandemia


Ainda não existe uma vacina contra o vírus H1N1, mas isso não justifica o pânico. Melhor a fazer é tomar cuidados básicos
por Francisco Oscar de Siqueira França e Tânia S. Souza Chaves


O progresso científico-tecnológico trouxe inúmeros desafios à humanidade. No segmento da saúde, descobertas fundamentais foram feitas após a Revolução Industrial, particularmente com o início da era pasteuriana, em fins do século 19, e permitiram expectativa média de vida, ao menos em países socialmente desenvolvidos, em torno de 80 anos atualmente.

Entre algumas conquistas básicas, na saúde, estão para disponibilidade ampla de água potável, tratamento dos esgotos, coleta regular de lixo e, entre outras medidas de higiene, vacinas, técnicas desenvolvidas para o diagnóstico de doenças e seu tratamento, especialmente com antibióticos, no caso de doenças infecciosas.

Ainda assim, inúmeros desses benefícios não estão disponíveis a imensas parcelas da população mundial. O processo de globalização trouxe muitas mudanças, entre elas o desenvolvimento e utilização em larga escala de meios de transporte que permitem o deslocamento de multidões, diariamente, mesmo em distâncias continentais, por via aérea. O negativo, neste caso, é, entre outros efeitos indesejáveis, que a facilidade de deslocamento permite a rápida disseminação de agentes infecciosos, com o destaque para a atual pré-pandemia, causada pelo vírus da Influenza AH1N1.

Historicamente, o vírus influenza provocou profundo impacto na população mundial com a ocorrência de três pandemias no século 20: a gripe espanhola em 1918, a gripe asiática em 1957 e a gripe de Hong Kong em 1968.
A história documenta que as pandemias ocorrem com intervalos constantes, em média de 10 a 50 anos, e a gripe espanhola figura como uma das mais devastadoras. Estima-se que cerca de 50% da população mundial tenha se infectado. Ao menos 25% tiveram infecção clínica o que, em dois anos, resultou na morte de 20 a 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

Entre 2003 e 2005 houve a iminência de uma nova pandemia, a partir da circulação de um novo tipo de vírus influenza com elevada patogenicidade: a Influenza AH5N1 ou gripe aviária. Embora tenha havido muitas discussões a respeito dos possíveis resultados catastróficos da Influenza AH5N1, até agora, a pandemia não ocorreu.

A influenza pode ser sazonal ou epidêmica, e o quadro clínico de ambas se caracteriza por febre de início súbito, associada a calafrios, dor de garganta, tosse seca, dores musculares e algumas vezes diarreia. A gripe sazonal, apesar de sugerir uma doença banal, é muito mais que isso. Estima-se perto de 500 mil mortes diárias por complicações da influenza, especialmente entre portadores de alguma debilidade.

Em fins de abril passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) notifi cou a ocorrência de casos humanos de Influenza AH1N1 no México e, posteriormente, nos Estados Unidos, e, em seguida, o Regulamento Sanitário Internacional da OMS declarou o fato como emergência em Saúde Pública de Importância Internacional.
Pesquisas demonstram que o H1N1 é decorrente de uma tripla recombinação genética que inclui genes do vírus influenza de origem humana, aviária e suína. A transmissão da doença ocorre de pessoa a pessoa, através das gotículas eliminadas pela tosse e espirro. O contato com superfícies contaminadas é uma fonte provável de infecção.

Desde o início da ameaça, a OMS tem orientado os países membros a intensificar seus esforços nos planos de preparação para o enfrentamento da ameaça. O Brasil dispõe de um plano de prevenção e controle para enfrentar uma pandemia, com estratégias específicas para a abordagem dessa situação.

Ocorre, neste momento, uma estreita integração do sistema de vigilância epidemiológica nos diferentes níveis de atuação em escalas federal, estadual e municipal, com resposta rápida na investigação de casos suspeitos, em diferentes momentos desde a assistência, o diagnóstico laboratorial e o tratamento. Isso significa que não há razões para pânico por parte da população.

Ainda não existe uma vacina disponível para o novo subtipo de influenza. Seria altamente desejável que essa defesa existisse. Na ausência dela, no entanto, o melhor que se pode fazer é recomendar a viajantes com destino às áreas afetadas que sigam rigorosamente as orientações médicas dos serviços locais de saúde, incluindo o uso de máscaras cirúrgicas, especialmente nas áreas afetadas e com grande aglomeração humana. Além disso, pessoas com sintomas de gripe devem tomar o cuidado de utilizar lenços descartáveis para evitar, em caso de tosse ou espirro, a liberação indesejável do vírus de que são portadoras. Outra medida é lavar as mãos com água e sabão, medida simples que pode ajudar, e muito.

Claro que, em caso de manifestações clínicas, a assistência médica deve ser procurada imediatamente.

Fonte:

http://www2.uol.com.br/sciam/artigos/ameacas_e_defesas_numa_pandemia_imprimir.html#print
Francisco Oscar de Siqueira França e Tânia S. Souza Chaves Francisco Oscar de Siqueira França é médico do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan e da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Tânia S. Souza Chaves é médica infectologista e responsável pelo Ambulatório dos Viajantes do HCFMUSP.

Computação quântica: cientistas avançam no controle quântico da luz



Computação quântica: cientistas avançam no controle quântico da luz

Esta imagem representa um estado quântico com zero, três e seis fótons simultaneamente. No lado esquerdo está representada a teoria e, no lado direito, o resultado prático do experimento.[Imagem: UCSB]

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, obtiveram um avanço sem precedentes no controle quântico dos fótons, os quanta, ou pacotes discretos de energia da luz. O resultado é significativo para a computação quântica e poderá eventualmente ter implicações na segurança das transações bancárias, no projeto de novos medicamentos e em outras aplicações.

Quebrando códigos criptográficos

Os governos são particularmente interessados na computação quântica por causa da forma como os bancos, e demais comunicações sigilosas, criptografam os dados atualmente. Utilizando grandes números, com centenas de dígitos, os códigos de criptografia são alterados diariamente e levaria anos de processamento na computação tradicional para quebrá-los. A computação quântica poderá potencialmente quebrar esses códigos rapidamente, destruindo os atuais esquemas de criptografia.

Armadilha de luz

Em um artigo publicado na revista Nature, os físicos Max Hofheinz, John Martinis e Andrew Cleland relatam como eles usaram um circuito eletrônico supercondutor, conhecido como qubit de fase Josephson, para preparar estados quânticos absolutamente incomuns utilizando fótons na frequência das micro-ondas. O avanço é resultado de um trabalho que se estendeu por quatro anos.

Nos experimentos, os fótons foram armazenados em uma cavidade de micro-ondas, uma "armadilha de luz", na qual a luz fica saltando de um lado para o outro entre dois espelhos. Em um trabalho anterior, os mesmos pesquisadores mostraram ser possível criar e armazenar fótons, um de cada vez, chegando a até 15 fótons armazenados ao mesmo tempo em uma única armadilha de luz - veja Componente de computador quântico é demonstrado pela primeira vez.

Simultaneidade dos estados quânticos

A nova pesquisa demonstra que é possível criar estados nos quais a armadilha de luz tem diferentes números de fótons em seu interior, ao mesmo tempo. Por exemplo, ela pode ter, simultaneamente, zero, três e seis fótons.

A medição do estado quântico por meio da contagem dos fótons armazenados força a armadilha a "decidir" quantos fótons há em seu interior; mas, antes da contagem, a armadilha de luz existe em uma superposição quântica, com todos os três resultados sendo possíveis.

Tentando explicar a simultaneidade paradoxal dos estados quânticos, Cleland afirma que é como ter um pedaço de bolo e comê-lo - não uma coisa depois da outra, mas as duas ao mesmo tempo.

"Esses estados superpostos são um conceito fundamental na mecânica quântica, mas esta é a primeira vez que eles foram criados com luz de forma controlada," explica Cleland.

Conversor quântico digital para analógico

"Pode-se pensar nesse experimento como um conversor quântico digital-para-analógico," complementa Martinis. Como os conversores digital-para-analógico são componentes-chave nos equipamentos clássicos de comunicação - por exemplo, produzindo as ondas sonoras em um telefone celular - este experimento poderá permitir a criação de protocolos de comunicação mais avançados para a transmissão de informações quânticas.

Os cientistas afirmaram que sua pesquisa é um passo importante para a construção de um computador quântico, que terá aplicações na criptografia de dados e na solução e na simulação de problemas difíceis demais para serem domados pelos computadores tradicionais.

Bibliografia:
Synthesizing arbitrary quantum states in a superconducting resonator
Max Hofheinz, H. Wang, M. Ansmann, Radoslaw C. Bialczak, Erik Lucero, M. Neeley, A. D. O'Connell, D. Sank, J. Wenner, John M. Martinis, A. N. Cleland
Nature
May 2009
Vol.: 459, 546-549
DOI: 10.1038/nature08005

Fonte: Site Inovação Tecnológica- www.inovacaotecnologica.com.br